23 setembro, 2016

Batalha de Tsushima

 Histórias navais


 - Caros amigos, hoje vamos falar um pouco sobre uma das maiores batalhas ocorridas no pacífico. Adianto a vocês que histórias navais são longas, não atrativas para quem não tem um real interesse em saber sobre os fatos. Deixado o aviso, vamos a história!
  • A batalha do estreito de Tsushima, ou apenas batalha de Tsushima, foi uma batalha ocorrida entre 27 e 28 de maio de 1905, entre a esquadra russa do Báltico, enviada de emergência para o extremo oriente e a esquadra imperial do Japão.
Foi a maior batalha naval travada entre a Rússia e o Japão durante a Guerra Russo-Japonesa. Também foi a única batalha marítima decisiva combatida com modernas frotas de encouraçados de aço da história naval. A primeira batalha naval em que a Radiotelegrafia desempenhou um papel de extrema importância, e tem sido caracterizada como um "eco moribundo" da antiga era – pela última vez na história das batalhas navais, navios da linha de uma frota derrotada renderam-se em alto-mar

A fulminante vitória japonesa no conflito foi crucial para pôr fim à guerra e representou uma humilhação para a marinha do Império do Czar em virtude da rapidez com que os japoneses conseguiram neutralizar a frota russa

Mas vamos aos fatos antes da grande batalha
  • Quando começou a guerra entre o Japão e a Rússia em 1904, de início os russos ficaram incrédulos com o fato de uma potência asiática ter afrontado, de forma tão evidente, uma potência europeia e a medida que o tempo passava, a situação no extremo oriente ia se deteriorando. E em 30 de maio, a cidade de Porto Artur, que fica sitiada pelos japoneses, foi tomada pelos russos
Em Agosto, os japoneses conseguem tomar posições nas proximidades de Porto Artur, que permitem alvejar à distância a esquadra russa no porto, forçando os russos a fuga.

Perante uma situação que se apresentava cada vez mais complicada, quer em terra ou mar, em Moscow, muitas foram as vozes que pediram que se criasse um segundo esquadrão do Pacífico, para ser enviado para Porto Artur, o pedido era para enviar os navios da esquadra do Báltico, normalmente, a mais poderosa esquadra russa.

- Mas antes de continuar, precisamos entender alguns pontos:

A Segunda Esquadra do Pacífico


  • Com a inatividade da Primeira Esquadra do Pacífico após a morte do almirante Makarov e o recrudescimento do cerco japonês à Port Arthur, os russos consideraram enviar parte da Frota do Báltico para o Extremo Oriente. O plano era libertar Port Arthur pelo mar, juntá-la com a Primeira Esquadra do Pacífico, sobrepujar a Marinha Imperial Japonesa e então atrasar o avanço japonês sobre a Manchúria, até que reforços russos pudessem chegar pela ferrovia Transiberiana e dominar as forças terrestres do Japão na Manchúria. Como a situação no Extremo Oriente se deteriorou, o Tsar (encorajado por seu primo Kaiser Wilhelm II), concordou com a formação da Segunda Esquadra do Pacífico. Ela consistiria de cinco divisões da Frota do Báltico, incluindo 11 dos seus 13 couraçados. A esquadra partiu a 15 de outubro de 1904 sob o comando do almirante Zinovy Rozhestvensky.


O Estreito de Tsushima

  • Os russos poderiam ter navegado através de qualquer um de três possíveis estreitos para alcançar Vladivostok: La Perouse, Tsugaru, e Tsushima. O almirante Rozhestvensky escolheu Tsushima num esforço para simplificar seu percurso. O almirante Tōgō, com base em Busan, também acreditava que Tsushima seria o trajeto escolhido pelos russos. O Estreito de Tsushima é um corpo de água a leste da Ilha de Tsushima, localizados a meio caminho das ilhas japonesas de Kyushu e a Península da Coreia, a mais curta e direta rota partindo da Indochina. As outras rotas requereriam que a frota navegasse a leste em volta do Japão. A Frota Combinada japonesa e as segunda e terceira Esquadras Russas do Pacífico, enviadas da Europa, combateriam no estreito entre a Coreia e o Japão próximo às Ilhas de Tsushima.

    - Vamos ao prelúdio da batalha então?
Prelúdio

  • Por causa da jornada de 18,000 milhas, a frota russa estava relativamente em más condições para batalha. Com exceção dos quatro mais novos Encouraçados Classe Borodino a 3ª Divisão do almirante Nebogatov era composta de navios mais velhos e mal conservados. Em geral, nenhum dos lados tinha uma vantagem significativa de capacidade de manobras A longa viagem combinada à falta de oportunidade de manutenção, fez com que os navios russos ficassem com excessiva incrustação, reduzindo significativamente suas velocidades Os navios japoneses podiam alcançar 15 nós (28 km/h), mas a frota russa podia somente alcançar 14 nós (26 km/h), 
A batalha

A frota russa na batalha de Tsushima era composta por oito encouraçados, oito cruzadores, nove contra-torpedeiros e nove navios auxiliares, cujo comando coube ao almirante Rojestvensky. No lado japonês, havia quatro encouraçados, oito cruzadores, 16 cruzadores leves e 21 contra-torpedeiros, que eram comandados pelo almirante Heihachiro Togo.

A esquadra Russa deslocou-se penosamente em dois grupos principais, enquanto os navios mais poderosos e mais rápidos fizeram a viagem de circum-navegação pelo sul de África, outros navios mais pequenos e de menor calado foram enviados através do Canal do Suez.

Os planos russos previam que a esquadra se dirigisse para Porto Artur, para juntar as duas forças e só então combater os japoneses, mas infelizmente estava a esquadra ainda separada em vários esquadrões a caminho, quando foi recebida a notícia da queda de Porto Artur. Os navios reuniram-se em 21 de Abril na baía de Cam-Ranh na Indochina francesa e daí partiram com destino a Vladivostok.

Primeiro contato

  • Para passar despercebida para Vladivostok, a frota russa mudou seu trajeto para fora dos canais regulares de transporte marítimo para reduzir a chance de detecção ao aproximar-se das águas japonesas. Na noite de 26/27 de maio, a frota russa alcançou o Estreito de Tsushima.

Na noite enevoada, uma espessa neblina cobria os estreitos, dando aos russos uma vantagem. Às 02:45 JST, o cruzador auxiliar Shinano Maru observou três luzes sobre o que parecia ser uma embarcação no horizonte distante e se aproximou para investigar. As luzes eram do navio de assistência hospitalar Oryol, que de acordo com as leis de guerras, manteve-as acessas.Às 04:30, Shinano Maru aproximou-se da embarcação, notando que ela não carregava armas e aparentava ser uma auxiliar. O Oryol confundiu o Shinano Maru com outro navio russo e não tentou notificar a frota. Em vez disso, sinalizou para o Shinano Maru informando que havia outras embarcações próximas. O Shinano Maru então avistou a forma de dez outras embarcações russas na névoa. A frota russa foi descoberta, e qualquer chance de alcançar Vladivostok sem ser detectada desapareceu.

A radiotelegrafia teve um papel importante desde o começo. Às 04:55, o capitão Narukawa do Shinano Maru mandou uma mensagem sem fio para o almirante Tōgō em Masampo que "O inimigo está no quadrado 203". Às 05:00, sinais sem fio interceptados informaram os russos de que eles tinham sido descobertos e que cruzadores batedores japoneses estavam os cobrindo. O almirante Tōgō recebeu sua mensagem às 05:05, e imediatamente começou a preparar sua frota de batalha para uma incursão.

Japoneses aguardam

  • Os japoneses aguardavam a chegada da esquadra russa e sabiam aproximadamente a sua posição. Sabendo que muitos dos navios russos eram navios costeiros, o almirante Togo deduziu que a única rota viável implicava passar entre a Coreia e o Japão, nas proximidades da ilha de Tsushima.

Navios foram colocados na área para tentar identificar os navios russos logo que eles se aproximassem. 

Na primeira coluna, a que primeiro entraria em combate com os japoneses, estavam os quatro Borodino os mais novos couraçados da esquadra.

O plano japonês era arriscado, mas de uma simplicidade desconcertante, passaria em frente da esquadra russa, numa manobra conhecida na altura como «T» em que o tipo da letra T é a esquadra japonesa e o corpo da letra a esquadra russa.

Os japoneses colocaram-se assim numa posição em que podiam disparar todos os seus canhões principais (16 canhões), enquanto que os russos podiam disparar apenas dois canhões principais em cada um dos seus quatro principais couraçados (8 canhões). Os restantes navios russos estavam demasiado longe para poderem entrar em contato contra os navios japoneses.

Curiosamente o primeiro navio a ser atingido foi o couraçado japonês Mikasa, mas às 14:16 os japoneses concentram o seu fogo no navio almirante russo, a uma distância média de 6400m. Os navios japoneses começaram a fazer valer o seu treino ao mesmo tempo que os navios russos sofriam pesadas perdas com os disparos japoneses.

Às 14:43 O Suvarov e o Oslyabya estão a arder e não conseguem acompanhar a linha de batalha russa.
Sete minutos mais tarde o Alexandre III inflete para norte tentando escapar ao fogo japonês.

Às 15:10 o couraçado Osliabya afunda-se e o Suvarov tenta escapar ao fogo cerrado dos japoneses.

Estas movimentações levam que as duas esquadras quebrem o contacto e fiquem momentaneamente fora do alcance dos canhões uma da outra. Mas ao final da tarde, as duas esquadras voltam a ficar à distância de tiro, porém a sorte dos russos não se alterou. Pouco mais de uma hora depois, o Alexandre III, que tinha tentado escapar do fogo dos canhões japoneses é afundado. Menos de um quarto de hora depois, afundam-se os navio almirante, o encouraçado Suvarov e o couraçado Borodino. O encouraçado Sissoi Veliki se rende.

Outros navios mais pequenos, também, estão em muito mau estado.


Catástrofe

A maior catástrofe militar da história dos couraçados estava consumada.

A Marinha do Império Russo, que se contava entre as mais poderosas do mundo ao raiar do dia, tinha praticamente deixado de existir ao por do Sol.

Pela primeira vez na História, uma potência asiática infligia uma derrota naval determinante a uma potência europeia

A derrota na Batalha de Tsushima não representou para a Rússia apenas uma derrota para o inimigo externo. As sucessivas derrotas na Guerra Russo-Japonesa levaram à população a manifestar sua insatisfação com as condições de vida dentro do Império russo. A sanguinária repressão aos manifestantes resultou na chamada Revolução de 1905, considerada o prelúdio da Revolução Russa de 1917, que poria fim ao poder autocrático dos czares russos.



Fontes:

http://guerras.brasilescola.uol.com.br/seculo-xx/batalha-tsushima-derrota-naval-russa.htm
https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_Tsushima
http://www.areamilitar.net/HISTbcr.aspx?N=115
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