30 setembro, 2016

A maior batalha naval da 2GM,Batalha do Golfo de Leyte

    A Batalha do Golfo de Leyte foi a maior batalha naval da história contemporânea, ocorrida entre 23 a 26 de outubro de 1944, nas águas em torno da ilha de Leyte, nas Filipinas. A guerra foi entre o Japão e os Aliados, durante a II Guerra Mundial.

    Esta batalha na verdade foi uma campanha naval dividida em quatro batalhas correlatas: batalha do golfo de Leyte, batalha do estreito de Surigao, a batalha de Samar e a batalha de Cabo Engano.

    Os Aliados invadiram a ilha de Leyte para cortar a ligação e a linhas de suprimento entre o Japão e o resto de suas colônias do Sudeste Asiático, principalmente o fornecimento de petróleo para a marinha imperial japonesa. Os japoneses então reuniram todas as suas principais forças navais ainda em operação na guerra para reprimir o desembarque das tropas aliadas, mas falharam em seu objetivo, sendo derrotados e sofrendo pesadas baixas.

    A batalha foi o último grande confronto naval da II Guerra Mundial, porque após sua derrota a Marinha Imperial Japonesa não teve mais condições de colocar em combate uma força naval significativa, e sem combustível para seus navios restantes aguardou pelo fim da guerra ancorada em suas águas territoriais. Foi em Leyte que aconteceram, pela primeira vez na guerra, os ataques suicidas dos aviões kamikazes japoneses contra a frota norte-americana no teatro da Guerra do Pacífico.

O DESEMBARQUE

    A parte terrestre desta complexa batalha começou às 10:00hrs da manhã de 20 de outubro, com o início do desembarque nas praias do lado ocidental da ilha de Leyte, área conhecida como golfo de Leyte.


    O desembarque é levado a cabo por forças do 6º. exército norte americano, divididas em dois grupos, cada um deles com duas divisões.

    Ao norte, a 1ª divisão  de cavalaria corta a comunicação entre a ilha de Leyte e a ilha de Samar. A evolução da 1ª divisão será coordenada com a evolução da 24ª. divisão, que juntas vão envolver a principal força japonesa na ilha, constituída pelo grosso da 16ª divisão de infantaria japonesa.

    Ao sul, as 96ª. e 7ª. divisões, vão enfrentar efetivos menores, ainda que a oposição japonesa tenha sido como habitual, ou seja, extremamente feroz.

VANTAGEM DA SURPRESA

   A principal vantagem das forças norte-americanas nesta operação foi a surpresa. As forças japonesas tinham desenhado um plano complexo que incluía a utilização maciça de forças navais, mas ao fim da tarde do dia 20 de outubro, a maior parte das forças das quatro divisões americanas estavam já solidamente implantadas em território filipino.

    A primeira fase do que viria a ser conhecido como "Batalha do Golfo de Leyte" tinha terminado. A marinha japonesa porém, continuaria a desenvolver o seu plano, tentando atacar os pontos de abastecimento das forças norte-americanas que tinham acabado de desembarcar e, que dependiam em absoluto dos mantimentos e do apoio logístico das centenas de navios que se encontravam junto à costa.

    Embora em 20 de outubro a operação tivesse tido um enorme sucesso, nos dias seguintes tudo poderia ainda ser posto à prova e com chances ainda de se transformar numa enorme tragédia para o lado norte-americano.

FORÇAS JAPONESAS

    Sabendo que não possuíam forças terrestres capazes de enfrentar os norte-americanos, a táctica japonesa centrava-se na tentativa de destruir a força de desembarque norte-americana quando esta estivesse na sua fase mais crítica, atacando os navios de transporte.

    Os meios navais japoneses deveriam aproximar-se da ilha de Leyte, com navios vindos de norte e de sul e deveriam entrar em combate com a 7ª. esquadra americana, que era a menos poderosa. Depois de destruída a 7ª. esquadra, os canhões dos couraçados japoneses destruiriam os navios de desembarque e atacariam as tropas americanas que já tivessem desembarcado.

   Como os porta-aviões eram considerados de suma importância, uma força de porta-aviões japoneses tentaria atrair a mais poderosa e moderna 3ª. esquadra americana para norte, que resultaria na batalha de Cape Engano. Esta força dispunha de porta-aviões, mas tinha pouquíssimos aviões. O Japão tinha sofrido uma derrota esmagadora quatro meses antes na batalha das Marianas (conhecida como tiro aos patos das Marianas ou Mariana’s Turkey shoot no original), onde tinha perdido grande parte da sua aviação.

    Não contando com a sua debilidade aeronaval, as forças da marinha imperial do Japão no final de 1944 (mesmo após três anos de guerra), continuam a dispor de um poder enorme. O Japão ainda conta com sete encouraçados, onze porta-aviões, treze cruzadores pesados e sete cruzadores leves. Onde notava-se a maior discrepância eram nas unidades mais pequenas, pois a marinha japonesa contava com apenas 63 contratorpedeiros e 49 submarinos.

    Além das forças navais que foram preparadas para atacar a força norte-americana de desembarque, o Japão contava ainda com 53 bases aéreas em território filipino. No entanto, havia no máximo 100 aeronaves japonesas nos aeródromos das Filipinas. Um décimo do que os norte-americanos poderiam dispor a bordo dos seus porta-aviões.

                                                   FORÇAS NORTE-AMERICANAS

    A terceira esquadra norte-americana, dividida em quatro grupos distintos, contava com sete encouraçados, oito porta-aviões de esquadra e oito porta-aviões leves, oito cruzadores pesados e nove cruzadores leves, além de contratorpedeiros e submarinos.

    Embora no papel as forças dos dois lados possam parecer idênticas, a verdade é que os navios americanos eram modernos, com especial atenção dada para a capacidade de tiro com modernos diretores de tiro dirigidos por radar e, tinham a disposição dos mais modernos porta-aviões da classe Essex. Além da moderna 3ª. esquadra, (ou Esquadra do Pacífico) os norte-americanos tinham uma esquadra adicional, a 7ª. esquadra, sob o comando do almirante Kinkaid e dependente do exército, que possuía seis encouraçados mais antigos, mas modernizados e que deveriam apoiar o desembarque das forças militares.

   Esta força secundária, tinha encouraçados equipados com cargas de altos explosivos, pois a sua principal função era a de bombardear posições em terra e não o combate naval. A 7ª. Esquadra vai no entanto entrar em combate naval direto com uma força japonesa na noite de 24 para 25 de outubro.

    A batalha na sua totalidade, só estaria realmente terminada a 26 de outubro, quando finalmente as forças japonesas reconhecem ter sido incapazes de evitar o desembarque, retirando-se depois de sofrer muitas baixas.

BATALHAS

     A principal força japonesa, comandada por Kurita, dirigiu-se ao estreito de San Bernardino e as secundárias, comandadas pelos vice-almirantes Shoji Nishimura e Kiyohide Shima, ao estreito de Surigao a fim de convergir ambas sobre as cabeças de praia norte-americanas no golfo de Leyte.

   O almirante William Halsey mordeu a isca e seguiu Ozawa que atraiu à sua quase desarmada esquadra ao mais poderoso agrupamento naval da terra, enquanto a 7ª. Frota do almirante Thomas Kincaid ficava sob o risco de ser envolvida, como de fato ocorreu.

   Entre os dias 23 e 26 de outubro travou-se em três cenários distintos o que em seguida se denominaria a Batalha de Leyte, em que a superioridade de fogo da Marinha dos Estados Unidos, apesar dos erros de seus comandantes, se impôs aos japoneses, que dispunham de armamento mais obsoleto.

    Nos prolegômenos da batalha, madrugada de 23 de outubro, as coisas começaram a andar mal para os japoneses. A esquadra de Kurita, que avançava paralelo à costa de Palawan, foi descoberta e seguida por dois submarinos norte-americanos, que deram o alerta a Halsey e, de passagem, lançaram com sucesso seus torpedos, afundando dois cruzadores pesados.

Destroyer japônes afundado na btalha
    Durante o dia 24, a esquadra de Ozawa multiplicou seus esforços para atrair Halsey, enviando repetidas ondas de aviões contra sua frota, que também foi atacada por aviões com base em terra. Nesse dia, os norte-americanos perderam seu porta-aviões Princeton, porém os aviões de Halsey, que não encontraram Ozawa, descobriram a esquadra de Kurita.

    O encouraçado Musashi, de 70 mil toneladas, sofreu meia dúzia de ataques aéreos. Atingido por 16 bombas de 500 a 1.000 quilos e por 21 torpedos, após oito horas de combate e agonia afundou ao entardecer, levando ao abismo 1.023 marinheiros.

    Kurita deu meia volta a fim de escapar dos aviões, porém ao terminar a luz do dia 24 deu proa ao estreito de San Bernardino. Os aviadores de Halsey acreditaram ter afundado todos os encouraçados de Kurita, pois cada uma das formações que atingiu o Musashi proclamou seu afundamento. Diante disso, Halsey, que já havia detectado a Ozawa, marchou contra ele, desprezando a ameaça de Kurita, a quem supunha em retirada.

    Simultaneamente, Nishimura, sem acreditar no triunfo, lançou-se a uma carga suicida no estreito de Surigao. Na saída o esperavam os velhos e potentes encouraçados do almirante Jesse Oldendorf, enquadrados então na frota de Kincaid. Não houve possibilidade alguma, atacado nas estreitas paragens por lanchas torpedeiras e contratorpedeiros que lhe provocaram muitos danos, a saída do estreito Oldendorf lhe disparou mais de 4.500 granadas de calibre alto, valendo-se da guia do radar, já bastante precisa naquele momento, enquanto Nishimura respondia às cegas, guiando-se somente pelos resplendores distantes dos canhões inimigos.

    Desnorteados, ensurdecidos e abatidos pela tempestade da artilharia, os japoneses continuaram disparando e avançando até que seus encouraçados Yamashiro e Fuso, um cruzador e quatro destróieres foram afundados. A pequena formação que lhe seguia a distância, enviada por Shima, recolheu os náufragos que encontrou em sua passagem e se retirou, sofrendo ainda algumas baixas no dia 25 sob os ataques dos aviões de Kincaid.

Zuikako sob fogo aéreo 

    Enquanto os sete navios de Nishimura afundavam destroçados, levando na carcaça em chamas mais de cinco mil vidas japonesas, com seu vice-almirante à frente, Halsey acelerava sua perseguição contra Ozawa que se afastava em direção ao norte. Ao amanhecer do dia 25 os norte-americanos lançaram seus aviões contra a quase indefesa frota nipônica e em seis ondas consecutivas com um total de 557 decolagens conseguiu afundar quatro porta-aviões, um cruzador e dois contratorpedeiros.




    Todavia, Halsey não pôde saborear o gosto da vitória, porque poucos minutos depois de ter iniciado seu ataque recebia desesperadas chamadas de ajuda de Kincaid: Kurita atacava.

     O almirante japonês, com dois encouraçados (entre eles o Yamato), dois cruzadores de batalha, oito cruzadores pesados e 15 contratorpedeiros, amanheceram a 30 quilômetros de 16 porta-aviões de escolta, protegidos por 15 contratorpedeiros, pertencentes à 7ª. Frota norte-americana.

    Era como um sonho maravilhoso para Kurita e como um pesadelo para o comandante daquela agrupação, contra-almirante Clifton Sprague, que se via sentenciado à mais completa destruição. No entanto, no combate que em seguida se desenrolou, qualificado pelo almirante Chester Minitz como “as duas horas mais gloriosas da Marinha dos Estados Unidos”, as perdas japonesas quase se igualaram às norte-americanas, que perderam um porta-aviões e três contratorpedeiros que sofreram graves avarias em dois porta-aviões e mais outros quatro contratorpedeiros.

     Depois de ter perdido três cruzadores, Kurita tocou retirada às 09:25hrs, quando Sprage estava já a sua mercê. Esta fase da batalha mostrou quão antiquada era a frota japonesa: seus imensos canhões resultaram ineficazes contra um inimigo que se protegia por detrás das cortinas de fumaça e que lançava cargas após cargas de torpedos e uma chuva de projéteis ligeiros, porém eficazes.

Essa potência foi o que fez Kurita se retirar, sem radares poderosos e precisos não podia saber onde se localizava o restante da esquadra norte-americana. Essa série de choques isolados, denominados Batalha de Leyte, constituiu a maior contenda naval de todos os tempos. Haviam se enfrentado 282 barcos de guerra, com um deslocamento total de mais de dois milhões de toneladas – na Batalha da Jutlândia, na Primeira Guerra Mundial, as frotas somavam 1,6 milhão de toneladas – e mais de dois mil aviões.

    Nesta batalha, parte das perdas sofridas pelos norte-americanos foi ocasionada por um novo fator introduzido na guerra: os pilotos suicidas, os “kamikazes” (Vento Divino), que embora tivessem tido alguma atuação isolada anterior, apareciam agora como força organizada. Em 25 de outubro lançaram quatro ataques com cinco aviões cada um. Onze pilotos suicidas foram derrubados sem que provocassem danos, porém os nove restantes, com maior ou menor acerto, atingiram sete porta-aviões de escolta norte-americanos. Um foi a pique e os demais sofreram danos de distinta gravidade. Onze aviões foram destruídos a bordo dos navios, que tiveram cerca de 600 baixas, mais da metade mortos. Apesar de tudo, tampouco a ação dos “kamikazes” teve o condão de mudar o curso da guerra.

    No total, o Japão perdeu 45% de sua frota, ou seja, 305.710 toneladas no transcurso da batalha. Os Estados Unidos, por seu lado, perderam 3%, ou seja, 37.300 toneladas. Contudo, não se tratou de uma vitória ou derrota total, já que os erros de dois comandantes fizeram com que, malgrado a superioridade estadunidense, uma parte da frota nipônica conseguisse chegar bem ao porto.

Soldados norte-americanos desembarcando nas filipinas após a batalha do golfo de leyte
    Após a conquista das Filipinas as forças norte-americanas isolaram os japoneses que ainda estavam na maior parte da Indonésia - cerca de um milhão de soldados - das forças nipônicas localizadas na Manchúria e no Japão.


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